De personalidade afável, porém forte, óculos e sotaque marcantes, a pernambucana de Garanhuns, terra do ex-presidente Lula, Virgínia Barros, de 27 anos, foi eleita a nova presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) neste domingo (2) para o biênio 2013-2015. Formada em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Virgínia, também conhecida como Vic, é atualmente estudante do curso de letras da Universidade de São Paulo (USP). Antes de conquistar o posto de maior representante estudantil do país, ela foi presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) no ano de 2009.
Filiada ao PCdoB, que comanda a entidade desde 1991, Virgínia é torcedora do Sport Recife e tem, na sua lista de admiradores políticos dois pernambucanos, o ex-governador Miguel Arraes (PSB) e o ex-presidente Lula (PT). A estudante representa sete milhões de estudantes universitários do Brasil, sendo a quinta mulher a ocupar o cargo. Entre os presidentes da entidade que já tem 75 anos de existência, se destacam personalidades como o ministro Aldo Rebelo, também do PCdoB, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) e o senador petista Lindbergh Farias.
No Congresso que a elegeu na cidade de Goiânia, no estado de Goiás, ontem, Virgínia centrou fogo contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Disse que a gestão é “inconsequente e omissa” na fiscalização da qualidade do ensino superior privado. “A entrada de capital estrangeiro é preocupante, e não há regulação sobre padrões mínimos de qualidade nas faculdades privadas”, diz a aluna de letras ao jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (3). A estudante também rebateu as críticas de governismo da entidade e o possível afastamento da UNE da vida real dos estudantes.
Virgínia define a gestão de Dilma como “contraditória”, pela “política econômica conservadora”, e destina o mesmo adjetivo ao governo Eduardo Campos (PSB), por pendências na saúde e na educação básica. Neutra no primeiro turno e pró-Dilma no segundo turno de 2010, a UNE, afirma ela, ainda não discutiu 2014, mas vê uma eventual postulação dissidente como “legítima”. O pernambucano, neto do ex-governador Miguel Arraes, é descrito pela nova presidente da UNE como “grande governador” que “ainda vai contribuir muito para o Brasil”.
Críticas a Marina Silva
A nova presidente da UNE também não poupa críticas nas redes sociais. Em publicações recentes, disse que há caos no metrô de São Paulo e que o “pós-modernismo” de Marina Silva, que tenta fundar o Rede Sustentabilidade, “dá enjoo”. Para ela, o papa Francisco I, apesar do carisma e possíveis “reformas nos gastos” da Santa Sé, é “reacionário”.
A presidente assume a entidade levantando a bandeira dos 10% do PIB para a educação, principal luta da UNE. A pauta pode ser conquistada em sua gestão dependendo da mobilização e cobrança dos estudantes no processo do tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso Nacional. Estão diretamente vinculadas, também, as lutas por 100% dos royalties do Petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.
Feminista e contrária ao conservadorismo na sociedade e na universidade, espera ampliar na UNE os encontros de estudantes negros, de mulheres e da diversidade sexual. Militante da União da Juventude Socialista (UJS), acredita que o Brasil pode avançar no debate sobre as drogas, espera denunciar o extermínio dos jovens negros e pobres, assim como lutar pela democratização dos meios de comunicação do país.
Com informações da UNE e do jornal Folha de S. Paulo