Homem de confiança do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, Waldomiro foi demitido em 2004, depois que foi divulgado um vídeo em que ele aparece cobrando propina do empresário de jogo e contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As imagens foram gravadas em 2002. O então presidente da Loterj pedia dinheiro a Cachoeira para campanhas eleitorais do PT e do PSB naquele ano. O contraventor, que foi preso ontem pela Polícia Federal em operação de combate à exploração de máquinas caça-níqueis, também foi condenado na 29ª Vara Criminal. Vai pegar oito anos por corrupção ativa e fraude em licitação.
Na conversa filmada, Waldomiro e Cachoeira negociavam uma fraude numa licitação para a contratação de serviços de implantação, gerenciamento e operação do sistema de loterias do Estado do Rio - segundo o Ministério Público do Rio. De acordo com a acusação, em troca de uma propina de R$ 1,7 milhão - que representava 1% do valor do contrato entre a Loterj e a empresa de Cachoeira -, Waldomiro aceitou elaborar edital para favorecer os interesses do contraventor.
"Ficou suficientemente comprovado que a `negociata' entre os réus Waldomiro e Carlos Ramos visava interesses pessoais e também de políticos que seriam beneficiados com as tais `doações', muito embora a renda da Loterj devesse ser `destinada aos projetos de interesse social relacionados à segurança pública, à educação, ao desporto, à moradia e à seguridade social'", escreveu a juíza Maria Tereza em sua sentença.
Waldomiro e Cachoeira vão poder recorrer da decisão judicial em liberdade. O advogado Ary Bergher, que representa o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares, não quis comentar a decisão, limitando-se a informar que vai apelar ao Tribunal de Justiça do Rio. O promotor responsável pelo caso, Felipe Rafael Ibeas, também anunciou que pretende recorrer da sentença, pois o ex-servidor e o contraventor escaparam da condenação por formação de quadrilha e outros sete réus no processo foram absolvidos.
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