Serra Talhada, o palco para Dilma e Eduardo
Cartazes e faixas pela cidade dão o tom do encontro entre os dois presidenciáveis nesta segunda
A cidade de Serra Talhada, distante 420 quilômetros do Recife, recebeu ontem os últimos retoques para a chegada da presidente Dilma Rousseff (PT) – que há mais de um ano não vem a Pernambuco. Os vestígios do evento, que deve atrair os holofotes para a cidade nesta segunda-feira pela manhã, podem ser vistos em faixas, cartazes e outdoors espalhados pela BR-232 e ruas do centro.
Em frente à Câmara Municipal, uma faixa dá o tom de como será os dois presidenciáveis “aliados” – Dilma e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) –, dividindo o mesmo palanque recheado de cabos eleitorais que promovem uma disputa silenciosa na base governista: “Presidente Dilma, Serra Talhada sente-se honrada com sua visita! Aqui temos gratidão e lealdade ao seu governo”. Na saudação, as palavras “gratidão” e “lealdade” foram destacadas em vermelho.
O evento será às margens da BR–232. No Parque de Exposições, no palco montando para o ato, um grande cartaz avisa a inauguração da primeira etapa da Adutora do Pajeú, que, segundo dados oficiais, beneficiará 90 mil pessoas. No entorno do palanque já estão estacionados alguns dos 50 ônibus escolares e das 22 retroescavadeiras que serão entregues a prefeitos de municípios da região.
Uma estrada de barro ao lado do parque leva à estrela da cidade: a adutora. Na estação de tratamento d’água ainda era possível ver, na tarde desse domingo, trabalhadores fazendo a remoção de entulhos e a limpeza do trajeto por onde Dilma Rousseff deve passar antes do evento oficial, marcado para as 10h30.
Ao vistoriar as obras da adutora, a presidente passará em frente à casa da aposentada Maria da Conceição da Silva, que relata já sentir as mudanças com o funcionamento da obra. “Padre Cícero não dizia que o Sertão ia virar mar? (na verdade, a frase é atribuída a Antônio Conselheiro) Agora, a gente está entendendo”, afirmou. No mesmo terreno, o agricultor Luís Cordeiro de Lima, 70 anos, conta que há um mês não enfrenta mais racionamento de água. “Só comadre Dilma mesmo para fazer isso. Eu não voto em mais ninguém porque já me embelezei com Dilma”, sentenciou.
Em reserva, petistas afirmam que a intenção da presidente com os anúncios desta segunda é também rebater a versão propagada por aliados do governador de que a administração federal estaria negligenciando a política de enfrentamento à seca.
Pela primeira vez, após o fortalecimento do projeto presidencial do governador e da elevação de suas críticas ao governo federal, Dilma e Eduardo dividirão o mesmo palanque, junto com outras lideranças políticas do Estado. São esperadas as presenças de petistas pernambucanos, como o senador Humberto Costa (PT) e o deputado federal João Paulo (PT). Após o ato, Dilma seguirá direto para o Rio, onde fará uma visita, ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), às cidades devastadas pelas chuvas