domingo, 8 de setembro de 2013

Grito dos Excluídos foi pacífico e contou com pronunciamento de Dom Fernando e ciranda

Cerca de 800 manifestantes caminharam da Boa Vista até a Basílica do Carmo

Desde junho, manifestantes protestam nas ruas contra a injustiça, a violência e a corrupção
Por quase três horas, a avenida Conde da Boa Vista abriu caminho para o tradicional Grito dos Excluídos, neste Sete de Setembro. Em sua 19ª edição, o movimento reuniu 800 pessoas, segundo a Polícia Militar. Foram 2,5 quilômetros de caminhada pacífica, saindo às 10h40 da Praça Oswaldo Cruz, e seguindo em direção a Basílica da Igreja do Carmo, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, onde o ato foi finalizado com o pronunciamento do arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido, e posterior ciranda.
    “A Igreja Católica está dentro dessa temática, procurando acentuar especialmente três aspectos que incomodam a juventude. A questão da educação, primeiramente; que os jovens precisam ter acesso à universidade. Também a questão do desemprego; muitos jovens não conseguem nenhum estágio. É preciso que eles tenham mais oportunidades. E por fim a questão da violência, do extermínio da juventude. Muitos são assassinados com pouca idade. De modo que haja da parte dos governantes para pelo menos amenizar essa situação difícil que vive a juventude do País”, ressaltou Dom Fernando.

    Todo o trajeto foi acompanhado por dois trios elétricos e um carro de som, que davam voz aos manifestantes, munidos de bandeiras e cartazes, que distribuíam panfletos com reivindicações e entoavam hinos de ordem. Promovido pelos movimentos sociais ligados à Igreja Católica, pelos setores organizados dos/das trabalhadores, sindicatos, pastorais, e coletivos de juventude, esse ano o ato contou ainda com a participação da Oposição Rodoviária CSP Conlutas e também a Frente de Luta Pelo Transporte Público de Pernambuco, que defende a bandeira do Passe Livre para estudantes.

    Chegada dos médicos cubanos foi defendida por grupo
    Houve ainda os que foram fazer o seu protesto individual. “Vim aqui para fazer um desabafo. Sou servidor civil da aeronáutica há 30 anos e venho sofrendo com assédio moral, violência psicológica e humilhação”, disse Rinaldo Costa dos Santos. Por outro lado, o Movimento de Mulheres Contra o Desemprego trouxe à tona o polêmica da chegada dos médicos cubanos, pelo programa do Governo Federal Mais Médicos.
    “Eles são bem vindos. Sou enfermeira de um Posto de Saúde da Família e, diferente do que vem sendo dito, os médicos brasileiros não querem nem trabalhar na RMR. Lá faltam muitos médicos. Conheço cubanos e o compromisso com os mais necessitados eles tem desde a formação”, enfatizou Edla Noronha. A abertura do ato foi marcada por uma encenação sobre os motivos do movimento, que tem como tema “Juventude Que Ousa Lutar, Constrói o Projeto Popular”.
    "Presidente Lula" compareceu ao ato em favor da luta
    Em meio da multidão teve até a ilustre presença do “Presidente Lula”. Há 10 anos participando do Grito dos Excluídos, o autônomo José Bezerra se veste do ex-líder nacional. “Companheiros e companheiras, temos que lutar pelo direito dos trabalhadores, de mais saúde, segurança e educação”, esbraveja. Segundo a Irmã Pascoalina, freira há 45 anos, que hoje atua na Paróquia do Espinheiro, ela participa todos os anos “para fortalecer a luta". "E faço isso com muito prazer. Deus quer que todos tenham vida em plenitude. Uma vida justa e igualitária para todos”, justificou.
    Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Carlos Vera, uma das reivindicações do movimento é a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Segundo ele, essa redução geraria emprego e ajudaria na saúde dos trabalhadores. “Esse é um momento de muita unidade entre os povos, inclusive os que vivem à margem das políticas públicas”. E conclui: “Este é um movimento de todas as bandeiras sindicais”.
    Vilma Maria, diretora regional da central sindical afirma que o movimento deste sábado servirá para preparar os jovens para darem continuidade à luta. “Lutamos por justiça social. Queremos reforma agrária; redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário; o fim do fator previdenciário e derrubada do PL 4330/04 (projeto de lei que libera a terceirização de serviços em órgãos públicos). Queremos, na verdade, concursos públicos, melhor saúde e educação”, enfatizou.
    O protesto contou com a segurança de 30 homens do 16º Batalhão da Polícia Militar, além de 4 patrulhas de trânsito e seis motocicletas do BPTran, com14 homens ao todo. Para garantir a realização do ato, foram feitos bloqueios para a passagem dos manifestantes em três pontos: Gervásio Pires, Rua da Aurora, e rua 7 se Setembro.