sábado, 3 de março de 2012

Ministro vai pedir que Fifa afaste Valcke das negociações sobre Copa de 2014

Aldo Rebelo rebateu críticas de secretário-geral da Fifa ao Brasil


    O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, vai pedir à Fifa que afaste seu secretário-geral, Jérôme Valcke, das negociações sobre a Copa do Mundo de 2014 com o Brasil. A decisão foi anunciada pelo ministro neste sábado, um dia depois de Valcke fazer duras críticas à preparação do país para o Mundial.

    "O secretário-geral da Fifa não pode ser nosso interlocutor", afirmou Rebelo, em entrevista coletiva convocada após as críticas de Valcke. "As declarações do secretário da Fifa são inaceitáveis."
    Segundo Rebelo, as declarações de Valcke sobre a preparação do Brasil são intempestivas e infundadas. São também ofensas ao país. Por tudo isso, na opinião do ministro, ele não pode ser mais o interlocutor entre a Fifa e o governo brasileiro.

    Na sexta-feira, Valcke elevou o tom das críticas ao Brasil. Ele disse que "não há muita coisa se mexendo" e que os organizadores precisavam levar "um chute no traseiro".
    "Não podemos receber um comentário de ofensa pessoal. Imagina alguém dizer que vai fazer isso [chute no traseiro] com sua família, com seu clube, com sua sociedade. Imagina com um país", respondeu Rebelo. "Não pode."

    Rebelo ainda afirmou que o Brasil está se empenhando para honrar os compromissos que assumiu com a Fifa para receber o Mundial. Disse também que não vê chance de a Copa do Mundo de 2014 não acontecer no país.
    "Não há razão e motivo pra isso [uma possível transferência da Copa]", disse o ministro. "O Brasil tem infraestrutura e logística. Temos aeroportos internacionais em todas as capitais."

    A partir de terça-feira, inclusive, Valcke estará no Brasil justamente para checar o andamento de obras nas cidades-sedes. O secretário da Fifa deve passar por São Paulo (na terça), Porto Alegre (quarta), Curitiba (quinta), Cuiabá (sexta), Manaus (sábado) e Natal (segunda, dia 12).

    O racha entre a Fifa e o governo também acontece poucos dias antes da votação da Lei Geral da Copa na comissão especial da Câmara dos Deputados. A demora na aprovação do projeto já foi criticada por Valcke em suas visitas anteriores ao Brasil. As declarações do secretário-geral da Fifa podem prejudicar o clima político para a tramitação da proposta no Congresso Nacional.

    José Ricardo Leite 
    Do UOL, em São Paulo