Os negócios da morte: profissionais ganham dinheiro atuando no mercado fúnebre. Atividade envolve 5,6 mil empresas no País e rende R$ 2 bilhões ao ano
Gerenciando uma funerária, Gustavo Machado fala das peculiaridades do ramo |
Exumar, florir, renovar, enterrar, confortar. O mercado que envolve a morte é diverso, oferece do básico ao sofisticado para quem se vai desta vida e para quem ainda fica. Na morbidez inerente, gera lucros (altos, diga-se) e dá opções de escolha, na terra ou no espaço. O cardápio inclui de túmulos a caixões refrigerados, de flores a tratamento rejuvenescedor. Para apaziguar a tristeza, vale promover festas, transmitir velórios online, construir mausoléus ou promover uma despedida ao animal de estimação. Para falar dos negócios que cercam a partida, esta repotárgem conta histórias da quase extinta tradição das carpideiras e do processo de cremação, cada vez popular. Túmulos, caixões biodegradáveis ou de time de futebol, planos funerários - há negócios e muitas possibilidades.
A morte sempre foi um assunto delicado para as pessoas e, principalmente, incômodo aos familiares e amigos do falecido. No entanto, os serviços funerários movimentam cerca de R$ 2 bilhões por ano no Brasil, com 5,6 mil empresas atuando no segmento. Como o falecimento chega muitas vezes de forma inesperada e muitas famílias não sabem como reagir diante do acontecimento, vem crescendo o número de interessados em conhecer previamente os serviços disponíveis e os detalhes das cerimônias. Em Pernambuco, o setor está apostando na diversificação dos produtos oferecidos e registra um crescimento anual na casa dos 20%.
Pelo menos dois serviços vêm despertando o interesse do público. Um deles é o de plano funerário, com opções a partir de R$ 19,50 e possibilidade de obter também auxílios. Nas três empresas procuradas pela reportagem, houve aumento na procura de até 35% nos últimos dois anos. O outro serviço é o de cremação, que dobrou a procura desde 2011. “Dois terços dos negócios ainda são de velórios tradicionais, mas a população está cada vez mais optando pelo crematório que sai por R$ 3,6 mil com cerimônia”, informou o diretor do Cemitério Morada da Paz, Heber Vila.
Entre públicos e particulares, existem 21 cemitérios na Região Metropolitana do Recife (RMR), mas esse número ainda não é suficiente para atender à demanda. Só no cemitério de Santo Amaro são abertas em média 30 sepulturas diariamente, segundo informou o chefe de Divisão de Necrópoles do Recife, Petrus Pessoa Tejo. “Estamos investindo R$ 2,5 milhões na verticalização das tumbas”, disse. A primeira etapa, construída na rua dos Palmares, será entregue esta semana e ampliará o número de túmulos dos atuais 19,6 mil em mais 1.744.
Grandes investimentos particulares também são feitos em Pernambuco. É o caso do cemitério e crematório Memorial Guararapes, localizado em Jaboatão dos Guararapes, aberto em 2009 depois de um investimento de R$ 12milhões. “O nosso objetivo é suprir o mercado pernambucano com umserviço funerário de alto padrão”, ressaltou o diretor do Memorial, Heitor Laurentys, informando também que o serviço de crematório, mais cerimônia, sai a partir de R$ 3.850.
Os valores dos pacotes funerários contendo recolhimento, preparativos do corpo, caixão, documentação e abertura do túmulo variam muito nas 187 funerárias registradas em Pernambuco. A família (ou o precavido) pode pagar entre R$ 400 e R$ 20 mil pelos serviços. “Isso vai depender da qualidade do material, do cemitério escolhido e de como a família vai querer o corpo”, informou a dona da funerária Morada da Luz, localizada em Olinda, Micheline Carla.
Informações da Folha de Pernambuco