segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cine Teatro Recreios Benjamin, quase um século de história está literalmente na UTI, precisando de ajuda URGENTE!!!

Inaugurado no dia 05/03/1916, pelo poeta e jornalista Jader de Andrade (1886-1931). Está em ruínas  uma população  sem história é um povo itinerante.

                           
Há cem anos Jader de Andrade, um grande líder político timbaubense, e empreendedor que estava acima da sua época descobriu um potencial cultural na nossa cidade, desenvolveu um projeto, e construiu um dos maiores centros culturais e de entretenimentos do nordeste, que durante anos, revelou e abrigou grandes nomes da cultura local e nacional, naquele templo cultural que se tornara referencia e símbolo do poderio econômico, social e intelectual de Timbaúba, frequentavam suas dependências as mais variadas classes sociais e importantes personalidades da política, senhores de engenhos, líderes religiosos, empresários, e artistas da região e do estado. 

Nós timbaubenses temos a obrigação cultural e moral de salvarmos enquanto é tempo esse templo da nossa cultura, pois nossa cidade é uma das poucas no Brasil que dispõe de um grande e histórico espaço para a exibição de filmes e peças teatrais, e sem esquecer que essa reforma Timbaúba, será também mais um espaço de laser, entretenimento, e tirará com certeza muitos jovens da criminalidade, prostituição e das drogas, pois certamente, assim como no passado vários nomes das artes nasceram em nossa cidade, isso voltará a acontecer, porque só está faltando políticas públicas e incentivos para nossos jovens, ocuparem suas mentes. Pois talento e força de vontade não faltam neles. 

Só para terem uma ideia da força cultural de nossa cidade por volta da metade do século XX, no primeiro ano de funcionamento houve 306 sessões, e frequentou o Cine Teatro Recreios Benjamin, para assistirem filmes, peças, operetas e musicais 55.787 espectadores (em um só ano seu público foi maior que nossa população atual). 

Levando em consideração que Timbaúba em 1920, tinha uma população de 52.526 habitantes, (Macaparana e São Vicente integravam  o nosso município, só em 1928 Macaparana passou a município e São Vicente passou a ser distrito de Macaparana). Mesmo com a dificuldade de locomoção, e de divulgação da época, a cada noite o “Cacareco” recebia um público amante de cinema, arte e cultura diário de aproximadamente 172 pessoas, praticamente impossível acontecer isso nos tempos de hoje.

O Tradicional Colégio Normal Santa Maria, fundado em 1938 por freiras alemãs, utilizava o Cine Teatro Recreios Benjamin para uma infinidade de eventos escolares inclusive as suas formaturas.

As alunas do Colégio Normal Santa Maria apresentavam peças como “Theatro Infantil”, composta por versos do Prof. Américo G. Costa, com música de Francisco, “Sangue que Ora”, em três atos “Ondas do Danúbio Azul”; “O Gazeteiro”, “Os Morangos” em 2 atos, entre outras. Algumas apresentações para público pagante, a arrecadação era destinadas a obras de caridade ou para as missões cristãs católicas.

Nos anos 70, o Cine Teatro Recreios Benjamin passou pela sua última reforma. Foram instalados novos projetores, substituídos os bancos por cadeiras, e a substituição da tela de projeção por outra de maiores dimensões e construído o piso em declive para dar maior visibilidade aos espectadores, (em razão do piso não ser mais nivelado, deixou-se de ocorrer os bailes que eram realizados em suas dependências), porém as reformas não alteraram a sua arquitetura original. 

Ainda na década de 1970, as apresentações cinematográficas que se constituíam no período as únicas apresentações no Cine Teatro Recreios Benjamin ganharam a concorrência de outros tipos de entretenimento como os programas televisivos.  

O Cine Teatro Recreios Benjamin consagrou-se como local de aglomeração de indivíduos interessados em teatro música, encontros dançantes e recreativos, de conferências literárias e ainda de movimentos filantrópicos e espetáculos beneficentes. O mesmo marcou profundamente várias gerações por haver concentrado uma vivência cultural, passando a ser considerado com um bem de valor coletivo, sendo até apelidado carinhosamente pelos timbaubenses como “O Cacareco”. 
Lendo parte da história cultural de nossa cidade, e comparado com a realidade de hoje onde 94% dos municípios do Brasil não disponibilizam de salas de cinema e de teatro, vendo exemplo de prefeitos como os de Arcoverde e Goiana, aqui mesmo em Pernambuco, que recentemente entregaram aos seus munícipes o Cine Rio Branco e o Politeama respectivamente, totalmente recuperado, climatizado e modernizado, e lembrando que a Presidente Dilma Rousseff sancionou no dia 27 de dezembro de 2012, a lei do vale-cultura, um benefício de R$ 50 por mês que dará acesso a produtos e serviços culturais como livros, shows e cinema, e que terão direito trabalhadores com carteira assinada que recebam, preferencialmente, até cinco salários mínimos por mês.

Como paradoxo, na mesma semana de sanção da lei do vale cultura, para, justamente incentivar usos das salas de cinema no Brasil, o nosso "CINEMA", desmoronou-se, caiu toda cobertura do seu palco e a parte de localização das bandas e corais, trincando até a estrutura de ferro fundido confeccionadas na Europa, irreparável não é o desmoronamento, e sim a falta de censo e respeito com àquele bem público.

Eis, que agora o nosso cinema é verdadeiramente o mais novo CACARECO do Brasil.  

Timbaúba está correndo na contramão cultural, quando deixa sua história desmoronar, estão se esquecendo da nossa memória, dos grandes artistas que pisaram em seu palco, dos amantes e admiradores da nossa cultura, Jader de Andrade, Luiz Marinho, Professora Ana Eufrásia,  Procópio Ferreira, Valdemar de Oliveira, Barreto Júnior, E tantos outros.

Aos nossos dirigentes temos que lembrar que cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura as seguintes atividades e manifestações: assembleias, música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc.


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Por Reginaldo Silva
Colaboradores: João Hélio
Professor  João Marcelo

Fotos: Timbaúba Agora