Em clima de campanha pela candidatura própria à Presidência da República, o PSB reúne os 444 prefeitos eleitos pelo partido em encontro hoje em Brasília. Embora o governador e presidenciável Eduardo Campos e os dirigentes socialistas evitem o assunto, o evento servirá de palanque para que ele se apresente como um dos protagonistas de 2014.
Apesar da cautela do próprio Campos e da direção, há uma empolgação na base do partido com a possibilidade de candidatura própria. Esse sentimento também é embalado pelo crescimento de 42% nas últimas eleições municipais, em outubro. E o PSB foi o partido que conquistou o maior número de capitais — cinco. "Tem vezes que você tem que brigar para ser candidato. No caso do Eduardo, ele vai ter que brigar para não ser", disse o deputado Márcio França (PSB-SP).
No momento em que governadores e prefeitos pressionam o governo Federal por mais recursos, Campos fará palestra intitulada Por um Novo Federalismo Brasileiro. Estados e municípios reclamam que o Planalto faz bondade com o chapéu alheio. Para estimular o consumo, promove desonerações que reduzem os repasses dos fundos de participação de Estados e municípios.
O seminário, que vai até amanhã (1º), faz parte do projeto de tentar viabilizar o nome de Campos para a sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT). O partido quer transformar em vitrines suas administrações municipais, principalmente nas capitais e em grandes cidades como Campinas (SP) e Duque de Caxias (RJ). E, mais do que isso, evitar que se tornem vidraças.
Nessa linha, o PSB pretende colocar quadros técnicos da Fundação João Mangabeira, vinculada ao partido, para dar consultoria e fazer um acompanhamento das gestões municipais. Os socialistas querem que a eficiência administrativa seja uma identidade do partido — e um marketing de eventual candidatura à Presidência da República.
Por enquanto, a direção do PSB não assume abertamente suas pretensões presidenciais. Além da construção dessa candidatura depender do cenário em 2014, principalmente econômico, de alianças e de estrutura partidária, há o constrangimento de o PSB fazer parte ainda hoje do governo Dilma, que disputará a reeleição. "Nossa prioridade é a organização partidária. Se ele vai ser candidato ou não, é segundo plano. Nosso desafio é dar ao partido ossatura correspondente ao desempenho que tivemos nas últimas eleições", afirmou o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.
Um dos principais desafios de Campos é nacionalizar seu nome, principalmente no Sudeste. Com esse objetivo, ele rodou o País nas eleições municipais. "Se ele passar hoje na Cinelândia ou no Anhangabaú, ninguém sabe quem é", disse um integrante do partido, referindo-se a locais de grande aglomeração popular no Rio e em São Paulo e da necessidade de expor sua figura.
Do Blog do Jamildo Melo