| Ivanildo Timotéo, pai da vítima, esteve no presídio |
A expectativa de recomeçar a vida foi impossibilitada pela morte. Este foi o caso de Ivanilson Timóteo da Silva, de 20 anos, que estava preso no Aníbal Bruno, cumprindo pena por furto. Seu pai, o pedreiro Ivanildo Timóteo da Silva, conseguiu um habeas corpus para liberação de Ivanilson. Porém, ao chegar no complexo prisional, o genitor deparou-se com a notícia de que o filho havia falecido e não se encontrava mais na unidade.
Ele seguiu para o Hospital Otávio de Freitas (HOF), onde o filho teria recebido atendimentos de emergência. Ao chegar no hospital, no entanto, foi informado de que, na verdade, Ivanilson já estava no Instituto de Medicina Legal (IML).
Tudo começou na última segunda-feira (15), quando o pedreiro recebeu uma ligação informando que seu filho havia passado por uma audiência e conseguido o habeas corpus que daria sua liberdade. Já na última terça-feira (16), o pai dirigiu-se ao Fórum Joana Bezerra, onde pegou a documentação e, acompanhado do oficial de Justiça, foi ao Complexo Aníbal Bruno para retirada do filho. Foi nesse momento que o sonho de um recomeço passou a ser um drama para, ao menos, conseguir enterrar o filho como um cidadão.
“Ele entrou no presídio e em pouco tempo voltou com um papel na mão, dizendo que não tinha boas notícias para mim e que meu filho estava morto”, emocionou-se Ivanildo. Depois disso, o pedreiro foi informado que o seu filho estava no Hospital Otávio de Freitas, no bairro de Tejipió, desde o último sábado (13). “Peguei a documentação e fui buscá-lo. Quando cheguei lá, fui informado que meu filho já estava no IML”.
O que torna a história ainda mais dramática é que o ex-presidiário estava sem nenhuma documentação no momento em que foi preso e que a única identificação que ele tinha era a do seu pai. Por este motivo, o imbróglio para conseguir enterrar Ivanilson tornou-se ainda pior. “Ele foi preso na Ceasa porque estava mexendo em uns pallets (estrutura de madeira para armazenar cargas) e deixou os documentos dele em algum lugar que eu nunca consegui achar”, revelou o pai.
Por este motivo, no IML, o corpo de Ivanilson estava como identidade desconhecida e, para que possa ser liberado, é preciso que seja realizada a identificação do ex-presidiário através de suas impressões digitais, por meio do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB). “Veja como são as coisas. A Militar (PM) pega meu filho na rua, com saúde e vivo, entrega para a Civil (Polícia) que encaminha para a Justiça. Agora, a Justiça me devolve ele morto e sem identificação”, desabafou o pai.
Por meio de uma nota oficial, a Secretaria de Ressocialização (Seres) informou que, por volta das 13h, Ivanilson foi socorrido no ambulatório do Presídio Juiz Antônio Lins de Barros. De acordo com o gerente interino, Flávio Lopes, logo em seguida, ele foi encaminhado ao Hospital Otávio de Freitas, onde faleceu. A Seres ressaltou que todos os procedimentos clínicos foram realizados imediatamente.
A instituição salientou que, após a morte do reeducando, funcionários do presídio fizeram três diligências (no sábado à tarde, domingo e segunda pela manhã) no endereço que consta na pasta carcerária do reeducando com o objetivo de comunicar a família sobre o fato, mas a residência não foi encontrada, assim como nenhum parente. Uma segunda pasta carcerária do detento informava ainda que ele era morador de rua. A Seres destacou que, a partir do aparecimento do pai de Ivanilson, irá realizar o sepultamento do apenado.
Informações da Folha PE