terça-feira, 10 de julho de 2012

Oposição em Pernambuco luta para não desaparecer


Maviael Cavalcanti diz ser o único oposicionista na Assembleia.
O deputado estadual Maviael Cavalcanti (DEM) afirma que os parlamentares da Alepe param de fazer oposição para obter o apoio de Eduardo Campos nas eleições municipais pelo interior, onde normalmente se candidatam às prefeituras. Priscila Krause (DEM) diz que a situação é perigosa para a democracia, opinião compartilhada por Maré Malta (PSD), que diz não pertencer a nenhum bloco. O presidente da Câmara, o governista Jurandir Liberal (PT), diz que os debates já não são mais acalourados, mas não vê o enfraquecimento dos opositores como algo perigoso.
Os anos 2000 não têm sido nada bons para o grupo (agora) oposicionista em Pernambuco. No Recife não é diferente. Desde as eleições municipais de 2000, quando João Paulo foi eleito, colocando pela primeira vez o PT à frente da prefeitura da capital, o grupo composto por DEM, PSDB, PMDB e PMN só fez enfraquecer.

Com a recente migração do maior dos referidos partidos, o PMDB liderado por Jarbas Vasconcelos, para o bloco da Frente Popular, o grupo ficou ainda mais frágil, o que pode ser prejudicial para o exercício da democracia. É o que alertam cientistas políticos e parlamentares do grupo.

Atualmente a Câmara de Vareadores do Recife conta apenas com quatro oposicionistas à atual gestão, o que representa apenas 10% dos parlamentares da casa - que são 37. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a situação é ainda mais grave. De um total de 49 parlamentares, apenas três fazem oposição ao governo Eduardo Campos (já que na Alepe o PSDB não faz oposição na prática).
O cientista político Túlio Velho Barreto, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e professor da UFPE, vê o governismo como cultura da política nacional, não apenas pernambucana. Ele alerta que isso pode, sim, ser prejudicial para a democracia. Mas que é algo que tende a acontecer quando há líderes políticos muito populares e carismáticos, como foi na gestão Lula (PT) na presidência da República e como tem sido na gestão Eduardo Campos no Governo de Pernambuco. Os partidos sem ideologia ou programa partidário definidos são mais volúveis à mudança de lado.