A chegada de faculdades e escolas técnicas a várias cidades de Pernambuco vai transformar o desenvolvimento de municípios do interior do Estado. A análise é do economista Valdeci Monteiro, sócio da Ceplan (Consultoria Econômica e Planejamento). “As faculdades atraem as pessoas de outras localidades que acabam ficando na região onde estudou, criando um estoque de conhecimento e ampliando o mercado consumidor na região”, explica o economista.
Tanto a presença de pessoas qualificadas quanto o aumento do número de consumidores, segundo Monteiro, atraem indústrias que buscam mão de obra capacitada e clientes para seus produtos, além de movimentar o comércio. Mas, o economista adverte que esses efeitos são sentidos a longo e médio prazos. “As faculdades dão respaldo ao futuro”, resume.
Municípios como Garanhuns, Petrolina e Arcoverde receberam, nos últimos anos cursos universitários e técnicos de instituições públicas. Esse fenômeno observado em Pernambuco tem sido verificado em outros Estados e são um reflexo, de acordo com Monteiro, da política de descentralização de serviços praticada pelo governo federal.
Além de universidades e escolas, o governo também vem implantando centros médicos, como UPAs e hospitais, no interior do País. “É o fenômeno de desconcentração espacial para o interior”, constata o sócio da Ceplan.
Além de universidades e escolas, o governo também vem implantando centros médicos, como UPAs e hospitais, no interior do País. “É o fenômeno de desconcentração espacial para o interior”, constata o sócio da Ceplan.
Trata-se de mais um incentivo ao desenvolvimento desses municípios, cujas economias já vêm sendo aquecidas com a expansão da renda (em especial do aumento do salário mínimo) e do crédito. Algumas cidades do interior também se beneficiam com a instalação de indústrias, que são atraídas por incentivos fiscais e pelo crescimento do consumo no Nordeste. Caruaru, de acordo com Monteiro é a típica cidade que evolui economicamente devido a todos esses fatores. Ela cresce em razão da sua rede de serviços (como na área médica), da educação (com a instalação de faculdades) do comércio (que sempre foi tradicional e se moderniza com a instalação de shopping centers) e da indústria (já que vai receber fábricas de peso, como a de caminhões da marca Shacman).
E a capital? O Recife, segundo Monteiro, vai estabilizar sua população e sua economia, já muitas pessoas devem morar em cidades vizinhas. “Haverá um transbordo para o entorno, porque Recife enfrenta problemas de espaço e a tendência é a cidade se expandir para locais como São Lourenço, que com a construção do bairro para a Copa do Mundo, será uma espécie de continuação do Recife. Mas a capital sempre será a cidade referência do Estado”, prevê o economista.