terça-feira, 31 de julho de 2012

Caos social é fruto da venda de terra ligada à Cruangi, diz AFCP


















A usina Cruangi pode não funcionar este ano em função da dívida que acumula com produtores e trabalhadores. A situação ampliará o caos social já instalado na região por causa do passivo. A terceira maior unidade em moagem no estado deve mais de R$ 8 milhões a produtores e há dois meses não paga os trabalhadores, inclusive, em protesto, os funcionários acampam em frente da usina desde segunda-feira (30). Para a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), a crise começou com a separação das terras da usina Maravilha do patrimônio da usina Cruangi. A entidade de classe dos produtores denuncia que a comercialização foi feita com objetivo de burlar o fisco.

“Em operação conturbada, a venda e compra das terras da Maravilha foi reconhecida em cartório no final de 2010”, denuncia o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima. Ele conta que 19 mil hectares foram arrematados por parte dos acionistas da Cruangi por R$ 8 milhões, divididos em parcelas iguais no período de 10 anos. Porém, o dirigente diz que no mesmo período, 0,83% dessas terras foi comercializada por R$ 8,7 mi a empresa Padrão Comércio de Incorporação de Imóveis.

“Em qual lugar do mundo que menos de 1% vale mais que a totalidade”, questiona Andrade Lima, ressaltando que a venda e compra das terras pelos membros da Cruangi foi uma tentativa de burlar o fisco. O dirigente ainda denuncia que a comercialização foi uma estratégia para separar as terras da Maravilha do passivo da Cruangi. No entanto, o dirigente questiona a possibilidade e legalidade de comercializar parte da propriedade que pertence ao mesmo bloco econômico, no qual é composto pelos familiares da Cruangi. Ele lembra que a Maravilha era a que menos possuía passivo financeiro do grupo na época da venda.

O resultado dessa situação é o atual caos social instalado na região da Mata Norte. “Os acionistas majoritários que representam a usina Maravilha e que são representantes da Cruangi estão dando às costas para a parte social. Estão despreocupados com a consequência da dívida na vida dos trabalhadores, fornecedores e das cidades que vivem da atividade econômica canavieira, proveniente da Usina Cruangi”, afirma Lima. O cenário ainda pode piorar, porque, sem a resolução do problema, fica ameaçada a moagem da usina que começaria em setembro. Neste período, seriam contratados 4,7 mil funcionários diretos e mais 2 mil trabalhadores dos 400 fornecedores de cana da Cruangi.

Impasse – O problema da Cruangi já chegou no Governo do Estado. Na semana passada, produtores de cana em assembleia, que contou com a participação de quatro deputados estaduais, cinco prefeitos e dois vice-prefeitos, levaram o caso ao governador. Os produtores já se reuniram com o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, e o procurador geral do Estado, Tiago Norões. Eles se comprometeram em tentar resolver o impasse, reunindo-se com os grupos de familiares que representam Cruangi.