sexta-feira, 27 de abril de 2012

Estaleiro Atlântico Sul teve prejuízo de R$ 1,4 bilhão em 2011

Foto:   Arnaldo Carvalho/JC Imagem

Falta de mão de obra qualificada está entre as razões do desempenho insatisfatório

     

    Além de amargar a perda financeira, empreendimento ficou sem o parceiro tecnológico, a Samsung


    O ano de 2011 vai ficar na história do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) como o pior exercício para o empreendimento, desde sua criação em 2005. O balanço divulgado, ontem, pela empresa aponta prejuízo de R$ 1,4 bilhão, queda de receita, fim da sociedade com a Samsung Heavy Industries (SHI) e aumento dos custos operacionais e com mão de obra. Na publicação, o EAS afirma que "enfrentou dificuldades técnicas e operacionais, mas que vem introduzindo uma série de medidas de reestruturação operacional e financeira, buscando restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro".

    Na demonstração, a companhia apresenta números baseados nos padrões nacionais e internacionais de contabilidade. Nos dois modelos, apresenta prejuízo bilionário. Enquanto em 2010 o estaleiro comemorou pequeno lucro de R$ 1,6 milhão, no ano passado amargou prejuízo de R$ 1,4 bilhão. Já a receita da construção naval despencou de R$ 1 bilhão para R$ 248,4 milhões.

    O EAS atribuiu as dificuldades técnicas e operacionais de 2011 ao superdimensionamento e a falta de mão de obra qualificada para concluir o petroleiro João Cândido e a plataforma P-55. Em 2011 a empresa chegou a ter 11 mil funcionários quando, no início da operação, considerava que o pico de mão de obra não ultrapassaria 5 mil pessoas.

    A empresa alega que os problemas na construção dessas duas encomendas contribuíram para uma extensa lista de problemas. Dentre eles são apontados "redução das margens de lucro, prejuízo significativo e necessidade de aporte financeiro dos acionistas para manter as operações". Outro agravante no ano passado foi a necessidade de comprar os 6% de participação da Samsung no negócio, uma vez que os asiáticos não aceitaram a sugestão do governo brasileiro de ficar com um terço do empreendimento.

    Diante da avalanche de problemas, o Atlântico Sul ainda conseguiu apoio político (em nome da retomada da indústria naval no País) para renegociar prazo de entrega dos navios e das multas contratuais, repactuação dos prazos de prazo de vencimento de financiamentos e aporte dos acionistas.

    Para resolver os problemas de gestão, o EAS afirma no balanço que está buscando um novo parceiro tecnológico para garantir a entrega da encomenda de sete navios-sonda à Petrobras, além de estar melhorando o controle sobre a produção para diminuir o retrabalho e redimensionando o número de funcionários na empresa, que está em torno de 5 mil pessoas.

    No balanço, o Atlântico Sul também se compromete a entregar o João Cândido à Transpetro ainda neste mês de abril e a entregar os demais navios (de uma encomenda de 22) com intervalos médios de três e quatro meses. Para construir o estaleiro foi necessário um investimento de R$ 2,1 bilhões.