Com 15% de intenções de voto na pesquisa Datafolha divulgada no sábado 30, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, tem tudo para começar a ser pesadamente assediado para deixar a toga e assumir um papel ainda mais central na sucessão da presidente Dilma Rousseff.
Mas com Barbosa na parada, a soma do campo oposicionista sobe para 38% - e com o acréscimo de o juiz que pode gabar-se de ter colocado a primeira geração de dirigentes do PT na cadeia aparecer na frente de Aécio e Campos.
O presidente do STF e seus 15% mexem profundamente no quadro eleitoral. Aécio, com ele na disputa, ficou com 14% e Campos, com 9%. Mas apesar de perderem intenções para o juiz, ambos, paradoxalmente, veem, com ele, aumentada a chance de ocorrência de um segundo turno.
Joaquim larga na frente deles, ok, mas poderá ser superado no período eleitoral e, ainda assim, conservar pontos importantes para empurrar a disputa além do primeiro turno.
Desde que assumiu a relatoria da Ação Penal 470 e, em seguida, a presidência do STF, Barbosa agradou ao establishment como uma esperança à direita de apear o PT do poder. Ironicamente indicado por Lula ao cargo, ele assumiu o primeiro lugar da fila dos inimigos do partido, redigindo e interpretando um relatório duro. No momento de aplicar as penas, foi ainda mais extremista, qualificando como de importância 01, 02 e 03 os condenados José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares – em resumo, a primeira geração de líderes do PT.
Com sua declarada ação para colocá-los atrás das grades, o que efetivamente aconteceu, Barbosa atropelou princípios básicos da equanimidade. Para o ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB, igualmente condenado na AP 470, o magistrado primeiro pediu uma junta médica para avaliar seu estado de saúde para, só então, baixar seu decreto de prisão – o que parece longe de acontecer. A avaliação sobre a saúde de Jefferson é o que está em curso no momento, com o condenado gozando ainda a liberdade em seu sítio no interior do Rio de Janeiro.
A Genoino, porém, primeiro Barbosa mandou prender, para depois consultar os médicos.
Este tipo de atitude, antecedida por todo o teatro desempenhado no plenário do Supremo, elevou Barbosa à crista da onda da direita brasileira. Está lhe rendendo prestígio e glória. Em décadas, é o seu representante mais destacado. O presidente do STF é o anti-PT em pessoa. Não há como confundí-lo.
A partir dessa nitidez ideológica, a grande surpresa da pesquisa Datafolha divulgada ontem obteve quatro pontos a mais do que no último levantamento. Um feito e tanto. Barbosa já sabe que, quanto mais agir em oposição ao partido que terá de ser vencido em 2014, mais chances ele próprio terá.
O que se pode esperar da parte dele, assim, é ainda mais radicalização. Para a oposição, ele nunca foi tão útil. Para o PT, jamais Barbosa foi tão perigoso como agora. Quando – e se – o presidente do STF resolver aderir a um partido para cursar a aventura eleitoral, será, como se insinua desde já, um adversário por todos os ângulos temível.
Informações PE 247
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