domingo, 5 de maio de 2013

Presa suspeita de fazer parte de quadrilha que aliciava pessoas para vender rins no exterior

Ação fez parte da “Operação Bisturi”, deflagrada em dezembro de 2003

A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã da última sexta-feira (03), uma mulher suspeita de participar de uma quadrilha especializada em traficar e aliciar pessoas para venda de órgãos (rins). Eldênia de Souza Cavalcanti, de 63 anos, foi detida em sua residência, localizada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Ela tinha sido condenada em 2006 a quatro anos, sete meses e vinte dias de reclusão, mas tinha recorrido da sentença e aguardava em liberdade. A ação fez parte da “Operação Bisturi”, deflagrada em dezembro de 2003.

Segundo os agentes, a suspeita era quem auxiliava o seu marido, o oficial reformado da Polícia Militar de Pernambuco, Ivan Bonifácio da Silva, mais conhecido por “Capitão Ivan”, considerado o chefe do grupo. Eldênia agia como uma espécie de substituta do marido; acompanhava os futuros vendedores de rins ao laboratório para realizarem exames, providenciava seus passaportes junto à PF e também ia com eles até o embarque no aeroporto, além de atuar como intérprete dos aliciados na África do Sul, onde ficavam hospedados em luxuosos hotéis e em seguida eram encaminhados a hospitais da região para realização da cirurgia de retirada do órgão.

Ainda de acordo com a PF, os órgãos eram transplantados para pacientes israelenses. Ao todo, 47 pessoas foram levadas para o Hospital Sant Agostini, em Durban, para serem submetidas à cirurgia de retirada de um rim. Elas assinavam uma declaração afirmando que os receptores eram seus parentes e recebiam entre R$ 5 mil e R$ 30 mil. Cada cirurgia custava cerca de US$ 150 mil ao sistema de saúde sul-africano, e a estimativa é de que US$ 4 milhões tenham sido desviados pela quadrilha nessas intervenções cirúrgicas.

Além dela, foram presos seu esposo, Ivan Bonifácio da Silva (condenado a dez anos de reclusão) e o capitão médico da Polícia Militar, José Silvio Bordoux (condenado a sete anos e quatro meses de reclusão). O médico israelense, Gedalya Tauber, é o único que continua foragido. Ele era responsável por trazer o dinheiro para cooptar as pessoas para realização das cirurgias. O médico está sendo procurado em todo o mundo, inclusive pela Interpol. Suspeita foi levada ao IML, onde fez exames.


Informações da  Folha PE