terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Clima favorece canaviais, mas produtor está descapitalizado




As chuvas de verão, livres de fenômenos climáticos que pudessem interrompê-las, como no começo do ano passado, indicam bons níveis de produtividade para os canaviais neste ano. Contudo, a base produtiva encontra-se descapitalizada para investir em tratos culturais e expansão de área, de acordo com representantes do setor sucroalcooleiro.

De norte a sul, as adversidades do clima parecem ter dado trégua às lavouras de cana-de-açúcar. A Zona da Mata nordestina, correspondente a 10% da produção nacional, aproveita o típico período chuvoso da passagem entre anos, após ter sofrido uma seca, na entressafra de março a agosto, que levou um quarto da safra atual.

70% concluída, a colheita que deveria render 65 milhões de toneladas (algo inédito) deve concluir-se com menos de 50 milhões, de acordo com estimativa da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida).

“A seca é cíclica: a cada década, vem e dura um ou dois anos”, diz o presidente da entidade, Alexandre Andrade Lima, aliviado pelo retorno das chuvas sazonais. “Se não chovesse, a próxima safra seria pior ainda, porque não haveria como aproveitar a soqueira [raízes que sobram na terra]“, acrescenta, explicando que as águas de janeiro de nada adiantam para a última safra, que já quebrou.

Com o prejuízo provocado pelo problema climático e o baixo retorno da atividade na região, o produtor nordestino está descapitalizado para investir no canavial em 2013, ainda de acordo com Lima: “Não haverá trato cultural e a área plantada diminuirá”. Hoje, esse território é de 1,09 milhões de hectares nos estados considerados pela Unida (Pernambuco e Alagoas, que respondem por 80% da produção regional, Paraíba e Rio Grande do Norte).