sábado, 8 de dezembro de 2012

Nossa Senhora da Conceição novamente conduziu a fé de milhares de pessoas


Fiéis subiram o Morro da Conceição para pedir proteção e agradecer. À tarde, uma procissão, que este ano saiu do Bairro do Recife, fechou a programação oficial / Foto: Bernardo Soares/JC Imagem

A fé que impulsiona as 800 mil pessoas que sobem em um só dia o Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, mal pode ser descrita. Precisa ser vivida e testemunhada. Do Largo Dom Luiz até o santuário, percorrem as escadarias e ladeiras 800 mil histórias que têm como guia Nossa Senhora da Conceição, a santa que não necessitou do título de padroeira para ganhar o coração dos recifenses. Descalços, de joelhos, com as mãos unidas ou apontadas para o céu, fiéis venceram o calor, o cansaço e os limites do corpo para reafirmar a devoção este sábado (8), como nos últimos 108 anos.

À tarde, o ritual se repetiu em procissão. Milhares de fiéis saíram do Bairro do Recife em direção ao Morro. Um percurso de aproximadamente dez quilômetros. A costureira Judite Maria de Souza Brito, 70 anos, sabia do desafio. “A caminhada não é curta, eu que o diga, mas Nossa Senhora merece. Ela é maravilhosa, eu a acompanho com muito amor há muitos anos.”

Seguindo a procissão, dois trios elétricos soltaram músicas religiosas seguidas pela multidão que entoou preces e orações. Para reduzir os transtornos no tráfego, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) monitorou o cortejo, com 16 batedores e 40 viaturas.
Pela manhã Laura, 3 meses, que nasceu prematura e com sopro no coração, estava aos pés da imagem de Nossa Senhora, levada pela mãe, a cabeleireira Jacilene Valadares, 42 anos.“Vim agradecer por duas graças alcançadas: a primeira foi conseguir ter minha filha depois de problemas de saúde que me impediam de engravidar. A segunda foi vê-la sair com saúde do hospital, após quase dois meses internada.”

Com os pés descalços no asfalto quente das 9h, a dona de casa Maria da Conceição, 51, só queria deixar clara a gratidão à santa que lhe emprestou o nome. Os problemas de relacionamento na família foram resolvidos. “Posso dizer que agora estamos em estado de libertação”, desabafou, sem tirar os olhos da imagem.

Na hora de se despedir do santuário, nada de pressa. Aos 70 anos, a aposentada Dolores Maria dos Santos descia a Estrada do Morro da Conceição como quem quer respirar ao máximo o ar do dia santo. Apoiada no ombro da neta Jéssica Cristina, 21, pensava nas visitas dos próximos anos enquanto uma maré de fiéis subia pela contramão. “Só quero ter saúde para voltar a subir aqui enquanto eu viver.”

Do JC Online
Foto: Bernardo Soares/JC Imagem