terça-feira, 18 de setembro de 2012

Evento em Recife, reúne setor sucroalcooleiro





 Vai até amanhã(19), Recife, a primeira edição da Norcana – evento de negócios do setor sucroalcooleiro do Nordeste, voltado aos produtores de cana-de-açúcar. A feira será promovida pela Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), com o patrocínio da Folha de Pernambuco. A expectativa da AFCP é a que circulem cerca de mil pessoas durante os três dias.

O setor sucroalcooleiro e sua atual situação no cenário econômico nacional estão sendo debatidos na Norcana, feira dos produtos de cana. A palestra de abertura do evento, ontem, foi feita pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que enfatizou a força do agronegócio no cenário nacional, que em 2011 foi responsável por 22,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “O Brasil tem apenas 7% de terra fértil e ainda enfrenta preconceito com o trabalho rural”, disse o ex-ministro.


O ex-ministro ressaltou que os governos mundiais são prioritariamente urbanos e olham a segurança alimentar “de forma errada”. “O Brasil poderia liderar um projeto de economia verde, mas está fingindo que a conversa não é com ele”, considerou, afirmando que há uma falta de lideranças que possam montar estratégias para o agronegócio. Ele listou alternativas viáveis para o fortalecimento do setor, como a reformulação do modelo de produção, estocagem, e ainda a definição do futuro do etanol hidratado. “Há cada vez menos pessoas produzindo alimentos para cada vez mais pessoas”.


A produção brasileira sucroenergética vinha crescendo, até 2008, cerca de 9% ao ano. De lá pra cá, vem caindo 2,6%. Rodrigues disse que teve uma conversa com o ex-presidente Lula na semana passada. “Estou esperançoso. Disse a ele que não se pode jogar 400 anos de história por causa de um pré-sal da vida. Para o setor sucroalcooleiro, precisamos de equilíbrio com a gasolina, financiamento e reforma tributária”.

Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, o Brasil não pode ficar rotineiramente importando gasolina. “Não adianta a política de isenção fiscal que o Governo tem feito porque não adianta reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados, que desonerou automóveis) se não há o mesmo para o etanol”.

Estiveram na abertura da Norcana, o presidente da Coaf, Alexandre Andrade, o presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro, e o também ex-ministro da Agricultura, Armando Monteiro Filho. O diretor do Grupo EQM e consultor do setor sucroalcooleiro, Gregório Maranhão, destacou a importância do debate nesse “momento crucial do setor”. “É fundamental uma palavra que nos enche de coragem para que haja uma reação”, ressaltou, dizendo que é necessária uma mobilização de representantes para reagir ao cenário de “indiferença que ocorre por parte do Governo Federal”.

 Já no segundo dia serão dois encontros. O primeiro é sobre a mecanização agrícola, com o engenheiro mecânico Everton Pevvi, a partir das 15h. E o segundo diz respeito à colheita mecanizada, que será comandada pelo empresário José Guilherme Queiroz, a partir das 16h. No terceiro e último dia, será a vez das discussões em torno das mudanças climáticas, com a climatologista do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Francis Lacerda, às 14h30; e sobre a produção de energia através da palha da cana, com o empresário Márcio Bastos. A entrada na Norcana é gratuita. A feira será realizada na sede da AFCP, que fica na avenida Mascarenhas de Morais, 2028, Imbiribeira, sempre a partir das 8h.

Informações: AFCP