Trabalhadores rurais estão há mais de 90 dias sem receber salários.Bens estão bloqueados devido à disputa judicial entre acionistas.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região julga nesta quinta-feira (16) a possível liberação dos bens da Usina Cruangi, bloqueados devido a uma disputa judicial, para pagamento dos funcionários. Os trabalhadores rurais do empreendimento estão há mais de 90 dias sem receber salários e também não têm garantidos outros direitos trabalhistas, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o INSS.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros, está cauteloso quanto à audiência. "Queremos que esse pagamento em atraso dos trabalhadores seja feito, mas nossa expectativa não é muito positiva em função de situações anteriores, em que empresas não cumpriram o que havia sido despachado pelo desembargador", explica Barros.
Segundo informações da Fetape, mais de dois mil empregados no corte da cana estão sendo prejudicados com a situação. "Defendemos que a Usina deve voltar a funcionar, mas não sem segurança. A gente já pediu a desapropriação de todas as áreas da Usina e cobramos que o estado tome uma posição. Essa terra devia ser desapropriada e entregue às famílias, para que elas produzam", defende o presidente.
Uma audiência pública foi promovida nesta quarta (15) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, contando com a presença de representantes dos agricultores, das entidades representativas – Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape) e sindicatos –, além de deputados e representantes do governo. "Foi um encontro muito positivo. Colocamos que a responsabilidade é também do governo, da Assembleia de cobrar a empresa para que ela tenha uma postura de não deixar os trabalhadores passando necessidade", afirma Barros.
A primeira audiência ocorreu no dia 7 de agosto, em Timbaúba, para discutir a situação. No último dia 30 de julho, os canavieiros ocuparam o pátio da Usina Cruangi, deixando o local no dia 31, quando os trabalhadores foram orientados a entrar com ações trabalhistas contra os empregadores.
Situação
Os trabalhadores contam que em abril, depois do fim da safra, como é de costume, foram dispensados. No entanto, muitos ainda não receberam as férias e todos estão há mais de dois meses com os salários atrasados. A usina está ameaçada de continuar parada e pode não voltar a funcionar no mês de setembro, quando começa a moagem da cana no estado. A empresa emprega moradores de seis cidades pernambucanas e duas da Paraíba.
A superintendência da Usina Cruangi confirmou que, desde janeiro, não recolhe o pagamento ao INSS. A dívida com salários dos funcionários é de R$ 4,2 milhões e, com os prestadores de serviço, de R$ 800 mil. A empresa ainda deve R$ 500 mil ao sindicato e R$ 8 milhões aos fornecedores de cana. A última safra foi recorde; das 20 usinas pernambucanas, ela ficou em terceiro no ranking, chegando a moer 1,420 milhão de toneladas de cana.
Em nota, a Cruangi informou que, como a maioria das usinas, tem o financiamento da entressafra feito por meio de antecipações de operações de venda. Por conta de uma disputa judicial entre os acionistas, os bens estão bloqueados e a empresa está limitada e com grandes dificuldades de fazer essas operações.
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Do G1 PE