terça-feira, 12 de junho de 2012

Pacientes sem atendimento

EUNICE (sentada), acompanhada da vizinha Maria (em pé), não foi atendida ontem


Pacientes que foram buscar atendimento, ontem, no Hospital das Clínicas (HC), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, voltaram para casa sem serem atendidos. O problema foi provocado pela paralisação dos técnicos administrativos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que também atuam na unidade hospitalar por ela ser vinculada à instituição de ensino. Sem o serviço prestado pela categoria, responsável pelo atendimento ao público, alguns médicos ficaram impossibilitados de exercerem suas funções, já que, por exemplo, os prontuários nem chegaram às mesas dos consultórios.

A paralisação, de acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da UFPE, Guilherme Costa Neto, é por tempo indeterminado. A categoria exige melhores condições de trabalho e salários maiores. Ao longo desta semana os servidores prometem desenvolver várias atividades, que serão definidas em assembleia. “Nosso piso salarial, atualmente, não chega a três salários mínimos. Queremos um reajuste de 20,08%. Dessa forma, nosso vencimento atingiria cerca de cinco salários. Vamos montar nossa agenda semanal para expor essas ideias à sociedade”, disse Neto.

Além do reajuste salarial, está na pauta de discussão a carga horária. Hoje, os técnicos administrativos da UFPE trabalham 40 horas semanais e desejam a redução para 30 horas. Segundo Guilherme Neto, isso possibilitaria uma melhor distribuição dos turnos trabalhados, principalmente no HC. “Atualmente, o turno do hospital é das 8h às 12h e das 13h às 17h. Desta maneira, os pacientes ficam das 12h às 13h sem atendimento. Com a redução, o quadro poderia ser das 8h às 14h e das 14h ás 20h. A população iria lucrar com isso. Só não aceitaremos a diminuição salarial”, alertou Costa Neto.

Enquanto a categoria não chega a um acordo com o Governo Federal, a insatisfação da população só aumenta. Maria Paula da Silva, 38, por exemplo, acordou, on­tem, às 4h para levar a vizinha de Timbaúba ao HC, mas, por conta da paralisação, a paciente Eunice dos Santos, 71, não foi atendida. “Che­­gamos aqui por volta das 5h e às 10h nos falaram que não haveria atendimento.

Segundo a médica, o prontuário com o histórico de dona Eunice não foi entregue para ela. Agora, só Deus sabe quando conseguiremos outra consulta”, lamentou.

A situação no HC está complicada. Além dos técnicos administrativos, estão parados, desde o último dia 17 de maio, os docentes da UFPE. Em relação às greves, a diretoria do hospital, por meio da assessoria de Imprensa, esclareceu que tem concentrado esforços no sentido de manter o funcionamento dos serviços essenciais.


Folha PE