Os moradores do município de Barreiros, na Zona da Mata Sul, ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa, na tarde desta terça-feira, inconformados com a ordem de despejo para desocuparem as casas que moram há anos, sem direito à indenização. 

O tema foi levado ao plenário pelo deputado Daniel Coelho (PSDB), que esteve no município, por solicitação da população local e já encaminhou dois pedidos de informação ao Estado sobre as obras de construção e desapropriações.
“Encontrei em Barreiros pessoas desesperadas com a ideia de perderem um patrimônio que construíram com muito esforço e revoltadas com a forma como o Governo do Estado está conduzindo a negociação”, informou Daniel. 
“Em entrevista à rádio local, o secretário da Casa Militar, coronel Mário Cavalcanti, disse que as pessoas não tinham direito à indenização por terem construído a até 30 metros do rio e a única opção era aceitar a casa doada pelos governos Estadual e Federal. Não é assim que se conduz um processo desse, é preciso estabelecer um canal de diálogo melhor”.
O parlamentar explicou que inúmeras famílias moram em casas grandes, confortáveis, com primeiro andar, avaliadas em até R$ 200 mil e no centro da cidade, por isso não aceitam a ideia de trocá-las por casas de 36m² e com telhado de zinco, longe da cidade, como o governo propõe.
Daniel também questionou a justificativa para a falta de indenização. “A população de Barreiros construiu nessas áreas (algumas doadas pela própria prefeitura) há anos, pagam IPTU, energia, água, esgotamento sanitário. Utilizaram o mesmo critério que usamos aqui para construir o Palácio do Governo, a Assembleia Legislativa e tantos outros prédios. Portanto, essas pessoas não podem ser tratadas como criminosas”, defendeu.
Em aparte, o deputado Maviael Cavalcanti disse que os desastres ocorridos em Barreiros (que sofreu graves enchentes em 2010 e 2011) foi responsabilidade dos governos que não se preveniram. 
Já Antônio de Moraes pediu Justiça e sensibilidade ao Estado. Deputados governistas defenderam as ações do Estado, alegando que elas são necessárias para salvar vidas, mas foram vaiados pelos moradores presentes, que disseram se sentir abandonados e traídos.