domingo, 21 de julho de 2013

Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), Caetano Veloso mostra vigor em show de alto nível



Madrugada de sábado (20) para domingo, em Garanhuns. Perto do acesso aos camarotes, um vendedor ambulante vendia DVDs (piratas) de Caetano Veloso, o qual acabara de tocar no palco da Praça Guadalajara. Ao oferecer o produto a um homem de uns 30 e poucos anos, este rejeita o disco bradando revoltoso: “o show de Caetano foi uma b….!”. Bem pelo contrário. A apresentação do baiano, filho da falecida Dona Canô foi excelente!
Qual o porquê da revolta do espectador? Provavelmente, ele deve fazer parte daquele grupo de pessoas que foi ao show esperando um artista consagrado, com seus 70 anos de vida, se apoiar na nostalgia preguiçosa, se repetir às custas de um público preguiçoso e conservador musicalmente.
Mas Caetano quis ir além ao se juntar com os talentosos e criativos Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo), rebatizados coletivamente como Banda Cê, e conceber três álbuns de rock brasileiro contemporâneo. A base do show que fez vibrar grande parte das milhares de pessoas que tomaram a Guadalajara é o Abraçaço, o CD mais recente.
Era curioso e alentador observar uma moçada de 18, 19, 20 e poucos anos de idade e/ou espírito cantando efusivamente os versos de novas canções de Caetano. O baiano não escondia a satisfação e correspondia com sorrisos, requebrar de quadris, corridinhas pelo palco e até uma breve deitada no chão não lá muito limpo do palco. O povo gritava!
O som estava muito bem equalizado. Era possível ouvir com clareza os trabalhos de teclado e as costura de baixo de Ricardo, a pegada vigorosa e a riquíssima exploração de timbres de Pedro, além da musicalidade do baterista Callado – craque em criar batidas fora do convencional e gostosas de ouvir e sentir. A voz de Caetano soava cristalina e afinada – um indício de que sua vida nos palcos ainda deve perdurar por um bom tempo.
Ao final, Caetano Veloso e a Banda Cê ganham o reforço do guitarrista e produtor Arto Lindsey, que nasceu nos Estados Unidos, mas passou parte da infância em Garanhuns. Ele foi o convidado especial da Orquestra Contemporânea de Olinda, a qual tocou mais cedo e no mesmo palco.
O show apoteótico se encerrou ao som do samba reggae Tiêta, devidamente envenenado e modernizado pelo Banda Cê.
Um show para se lembrar para sempre!

Informações do Diário de PE