segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Nações de Maracatu dão o tom da segunda-feira de Carnaval em Nazaré da Mata

Milhares de foliões tomaram conta desde cedo da Avenida Dantas Barreto, no centro da cidade, para prestigiar os 32 grupos de MaracatuIntegrantes das Nações de Maracatu se apresentam em Nazaré da Mata / Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem

Eles chegam cedo, formam um colorido lindo, com os personagens que formam as nações dos maracatus, acompanhados pelos músicos na Rua Dantas Barreto, em Nazaré da Mata. É o encontro dos Maracatus, que aconteceu nesta segunda-feira (11). Foram 32 grupos que passaram por lá. Cada um com a sua história. “Estou abismada com esse evento. Conhecia o maracatu rural, mas não sabia que tinha essa grandiosidade, colorido, esse som.

Os brincantes são de origem humilde e a gente percebe o amor que eles fazem o folguedo”, afirmou a assistente social Verônica Freire, que mora no Recife e foi pela primeira vez acompanhar o encontro dos maracatus.

Nas apresentações, os caboclos fazem as evoluções e os cantores cantam loas, improvisando na hora em cima dos temas escolhidos, que são os mais diversos possíveis indo desde assuntos politicamente corretos, como “cachaça com veículo não dá combinação”. 

A fila de espera que se forma um pouco depois do palco também é um espetáculo a parte. Os brincantes ficam fantasiados, cantando, esperando a hora da apresentação. Tem maracatu de todo tipo: formado por crianças, só de mulheres, o mais antigo em atividade, o Cambinda Brasileira, fundado em 1918.

“Somos o único maracatu que tem sede própria e também temos um ponto de cultura”, disse o presidente do Cambinda Brasileira, José Manoel da Silva, quando se preparava para se apresentar. Conhecido também como Zé de Carlos, ele é a terceira geração da sua família que faz parte do folguedo. Os pais e avós também eram mestre caboclo, figura que puxa as coreografias dos caboclos de lança. 

Legenda
Mesmo com toda a organização, o Cambinda Brasileira ainda faz rifa e vende bingo para conseguir levantar recursos para o seu desfile. “Antigamente, a gente criava um carneiro, um boi e depois vendia para fazer as fantasias. Também deixava de comprar um sapato para empregar o dinheiro no maracatu”, lembrou seu Zé de Carlos.

Um maracatu do porte do Cambinda desfila com 180 integrantes e tem um custo de cerca de R$ 30 mil. “A dificuldade ainda é grande, mas hoje tem mais apoio”, comentou. Os grupos de maracatu são feitos por pessoas que são cortadores de cana-de-açúcar, aposentados e outros trabalhadores de uma região muito pobre, a Mata Norte. Uma parte dos recursos usados para fazer o desfile é bancado por eles.

“O maracatu passa por um momento de valorização. É por isso que estão surgindo mais grupos”, explicou o produtor Afonso Oliveira, que trabalha com maracatu o ano inteiro. Ele dá consultoria a algumas Organizações Não Governamentais (ONGs) para estruturar melhor os seus maracatus.


Do Jornal do Commercio

Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem