quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Camutanga: ambulâncias penhoradas e sumiço até de botijões

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A ineficiência do sistema de coleta de lixo obriga a população a despejar o que não serve no meio da rua 
Em Camutanga, Zona da Mata Norte do Estado, a 87 km do Recife, o novo prefeito Armando Pimentel (PDT) não encontrou um só carro da frota do município em condições de uso. Sem crédito até nas oficinas, o ex-prefeito José Trigueiro da Silva (PSB) penhorou uma ambulância, enquanto os pacientes penam no hospital local sem condições de serem transferidos para unidades de saúde mais avançadas na região.

O hospital da cidade, municipalizado, foi entregue sem médicos, sem enfermeiros e até sem lençóis. Os postos de saúde da família, abandonados, não tem sequer esparadrapo. Também não têm água, as paredes estão com grandes vazamentos e os banheiros entupidos.

Do patrimônio público municipal sumiram ar-condicionados, computadores, câmeras digitais, cadeiras e até botijões de gás. A gestão anterior deixou o município inadimplente e endividado, desviou verbas federais destinadas à Educação sem se saber onde foram aplicadas. Quanto à folha de pessoal, parte do mês de dezembro e do 13º salário ficou em aberto. Só em débitos para com servidores, a herança para Pimentel supera a casa de R$ 1 milhão.

O ex-prefeito sacou, ainda, em novembro passado, R$ 424 mil de um montante de R$ 650 mil enviados pelo Ministério da Educação e não se sabe até o momento onde esse dinheiro foi parar, porque não se destinou a pagamento de pessoal. Os servidores, coitados, tiveram que recorrer ao Ministério Público para bloquear as contas da Prefeitura.

Mesmo assim, seus salários não foram pagos e o ex-prefeito continuou sacando recursos bloqueados pela Justiça. “Nunca vi tantos desmandos em toda minha vida. Pegamos um município mergulhado num verdadeiro caos”, desabafa o novo prefeito, que já administrou o município por duas vezes e, segundo ele, em nenhum dos mandatos deixou a situação financeira chegar a igual estágio.

Pela frente, ele terá que administrar realmente uma massa falida. Os débitos com a Previdência Social, por exemplo, chegam a R$ 1,7 milhão. Empréstimos consignados tomados pelos servidores eram descontados no contracheque, mas não repassados ao banco credor. Por isso, o novo prefeito não tem noção de quanto o município tem a recolher para o referido banco.

Oito prédios onde funcionam secretárias municipais estão com aluguel atrasado e ameaçados de corte de luz e água. A tubulação de computadores foi destruída e não há mais linhas de telefonia convencional. “Até os tachos onde se prepara a merenda escolar sumiram”, revela o prefeito, que está preparando um verdadeiro dossiê para entregar ao Tribunal de Contas do Estado.

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No interior dos ônibus da rede municipal, a ferrugem e a poeira dividem espaço com a falta de cuidados com o patrimônio público


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Carros da frota oficial foram depenados e o que o pouco que sobrou está em péssimo


Informações do Blog do Magno Martins
Fotos: 
Magno Martins