Vestiário e alojamento foram interditados devido às condições precárias dos ambientes
Em fiscalização conjunta com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco investigou, na última quarta-feira (31), suspeita de trabalho escravo no Cemopel, posto de gasolina de bandeira Shell, localizado no bairro das Graças, na avenida Rui Barbosa. Devido às condições precárias a que os empregados são submetidos, a SRTE interditou o alojamento e o vestiário feminino, ambos destinados aos funcionários da empresa.
As procuradoras do Trabalho Vanessa Patriota e
Débora Tito, coordenadora da fiscalização e membro da Coordenadoria de
Erradicação do Trabalho Escravo respectivamente, inspecionaram o posto de
gasolina e comprovaram as condições precárias em que se encontravam os
empregados.
Segundo a apuração, os trabalhadores são
arregimentados em Timbaúba, por intermédio de terceiro. Eles têm passagens
descontadas do salário e ainda devem pagar a água potável e a alimentação que
consomem. De acordo com declarações, a empresa faz a feira mensal e divide o
valor total entre os trabalhadores instalados numa casa que serve de alojamento
nas dependências da empresa. Os empregados afirmam que as jornadas de trabalho
não são registradas adequadamente e que só têm folga a cada quinze dias.
Na inspeção, outras irregularidades também foram
encontradas nos alojamentos: falta de limpeza e higiene nos banheiros, cozinhas
sujas, colchões finos e rasgados, camas muito próximas, quartos sem janelas,
ambiente muito quente, não fornecimento de roupas de cama e fiações expostas.
No vestiário feminino, além da falta de higiene, foi constatada a ausência de
armários individuais com trave, o que impede a privacidade das trabalhadoras.
O grupo de auditores-fiscais formado por Carlos
Silva, Igor Guimarães, Diogo Tassell, Djair Araújo e Isis Oliveira determinou,
diante da gravidade da situação, a imediata interdição do alojamento e da área
usada como vestiário feminino; os empregados foram encaminhados para hotel
custeado pela empresa. Segundo a SRTE, o posto só poderá reutilizar os
alojamentos e vestiários mediante emissão de Termo de Suspensão de Interdição,
documento que comprovaria as adequações à legislação caso estas fossem
realizadas.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MPT-PE