Pacientes que foram buscar atendimento, ontem, no Hospital das Clínicas (HC), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, voltaram para casa sem serem atendidos. O problema foi provocado pela paralisação dos técnicos administrativos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que também atuam na unidade hospitalar por ela ser vinculada à instituição de ensino. Sem o serviço prestado pela categoria, responsável pelo atendimento ao público, alguns médicos ficaram impossibilitados de exercerem suas funções, já que, por exemplo, os prontuários nem chegaram às mesas dos consultórios.
A paralisação, de acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da UFPE, Guilherme Costa Neto, é por tempo indeterminado. A categoria exige melhores condições de trabalho e salários maiores. Ao longo desta semana os servidores prometem desenvolver várias atividades, que serão definidas em assembleia. “Nosso piso salarial, atualmente, não chega a três salários mínimos. Queremos um reajuste de 20,08%. Dessa forma, nosso vencimento atingiria cerca de cinco salários. Vamos montar nossa agenda semanal para expor essas ideias à sociedade”, disse Neto.
Além do reajuste salarial, está na pauta de discussão a carga horária. Hoje, os técnicos administrativos da UFPE trabalham 40 horas semanais e desejam a redução para 30 horas. Segundo Guilherme Neto, isso possibilitaria uma melhor distribuição dos turnos trabalhados, principalmente no HC. “Atualmente, o turno do hospital é das 8h às 12h e das 13h às 17h. Desta maneira, os pacientes ficam das 12h às 13h sem atendimento. Com a redução, o quadro poderia ser das 8h às 14h e das 14h ás 20h. A população iria lucrar com isso. Só não aceitaremos a diminuição salarial”, alertou Costa Neto.
Enquanto a categoria não chega a um acordo com o Governo Federal, a insatisfação da população só aumenta. Maria Paula da Silva, 38, por exemplo, acordou, ontem, às 4h para levar a vizinha de Timbaúba ao HC, mas, por conta da paralisação, a paciente Eunice dos Santos, 71, não foi atendida. “Chegamos aqui por volta das 5h e às 10h nos falaram que não haveria atendimento.
Segundo a médica, o prontuário com o histórico de dona Eunice não foi entregue para ela. Agora, só Deus sabe quando conseguiremos outra consulta”, lamentou.
A situação no HC está complicada. Além dos técnicos administrativos, estão parados, desde o último dia 17 de maio, os docentes da UFPE. Em relação às greves, a diretoria do hospital, por meio da assessoria de Imprensa, esclareceu que tem concentrado esforços no sentido de manter o funcionamento dos serviços essenciais.
Folha PE