quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Governo do estado deve se pronunciar sobre protesto


O governo do estado deve se pronunciar nesta quinta-feira sobre os protestos realizados ontem no Recife. A entrevista coletiva foi agendada para esta manhã, no auditório da Secretaria de Defesa Social (SDS), em Santo Amaro. As imagens captadas pelas câmeras de segurança da SDS serão utilizadas para identificar as pessoas envolvidas em atos de vandalismo, que deverão responder a inquéritos individuais.

Ônibus incendiado, depredações em prédios públicos, sete feridos e população com medo. Esse foi o saldo do sétimo ato da manifestação pelo passe livre, que aconteceu no Centro do Recife na tarde e na noite de ontem. O que começou de maneira pacífica acabou com cenas de vandalismo protagonizadas por um grupo de mascarados infiltrados que se identificavam como integrantes do Black Bloc, movimento que vem causando transtornos em protestos pelo país, sobretudo no Rio de Janeiro. Através de nota divulgada no Facebook, a Frente de Luta pelo Transporte Público, que organizou o protesto, prometeu intensificar as próximas mobilizações.

O protesto começou com cerca de 150 estudantes que pediam resposta da Câmara Municipal e do governo do estado sobre o projeto de gratuidade do transporte público e a instalação da CPI dos Transportes. Iniciada com uma caminhada na Rua do Hospício, a manifestação mudou de rumo quando os manifestantes não foram recebidos pelos vereadores e encontraram a casa fechada, por volta das 14h30. No fim da tarde, houve confronto com PMs - que dispararam bala de borracha, ferindo dois estudantes, e usaram bombas de efeito moral na Conde da Boa Vista, causando pânico no Centro em pleno rush.

Os ânimos se acirraram mais depois das 18h, quando manifestantes voltaram à Câmara. Vândalos picharam muros e atiraram pedras, garrafas e coquetéis molotov contra PMs, que dispararam balas de borracha e usaram mais bombas de gás. A Faculdade de Direito suspendeu as aulas. Assustados, comerciantes fecharam as portas. Estudantes que largavam dos colégios e profissionais se viram no meio co caos. Na correria, a maior parte do movimento dispersou, mas um grupo menor destruiu as bicicletas estacionadas na Estação 12 do programa BikePE. Queimaram um ônibus na Rua do Príncipe e seguiram ao Shopping Boa Vista, com a promessa de destrui-lo. Ao encontrar portas fechadas, encerraram o movimento, deixando um rastro de destruição.

A Frente de Luta pelo Transporte Público acusou o presidente da Câmara Municipal do Recife, Vicente André Gomes, de fechar diálogo e causar o caos nas ruas da cidade. Em nota divulgada pelo Facebook na noite de ontem, o grupo prometeu intensificar as próximas mobilizações até que a CPI do Transporte Público seja instalada e o projeto passe livre aprovado. Procurado pelo Diario, Vicente André Gomes não atendeu nem retornou às ligações da reportagem. 

Os vereadores da Comissão pela Melhoria dos Transportes Públicos da Câmara do Recife enviaram nota à imprensa afirmando que os políticos estavam ontem na sede do legislativo municipal esperando para receber os estudantes. “Os vereadores aguardaram das 15h às 16h30. No entanto, não apareceu nenhum grupo no local. Os vereadores, agora, aguardam a indicação de um grupo de estudantes para iniciar o diálogo com os mesmos, objetivando definir uma pauta de trabalho comum”, informou a nota.

“O recado das ruas e da pressão popular está dado. Não aguentaremos mais golpes, mentiras e falácias. Intensificaremos as mobilizações até que a CPI do Transporte Público seja instaurada, o projeto de lei do passe livre tramitado e aprovado e audiências com Geraldo Júlio e Eduardo Campos marcadas”, respondeu a Frente de Luta pelo Transporte Público também por meio de nota.

Diário de Pernambuco