Foto: Amanda Miranda/ NE10 |
O remédio para a saudade de familiares, amigos e fãs do sanfoneiro Dominguinhos foi mesmo cantar. Com talento considerado singular por artistas e críticos musicais, o pernambucano foi sepultado nesta quinta-feira (25), no Cemitério Morada da Paz, no Grande Recife, ao som da sanfona. "De volta pro aconchego" e "Quem me levará sou eu", entre outras músicas, o homenagearam e fizeram chorar os seus filhos, Liv e Mauro Moraes, músicos como Cezzinha e até um dos policiais militares que participaram da cerimônia.
Apesar da emoção demonstrada durante todo o velório, realizado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) desde o início da manhã, Liv e Mauro concordaram: a morte foi, na verdade, o descanso do pai. "Era um sofrimento para Dominguinhos estar vivo e não ter vida", afirmou Luiz Ceará, um dos melhores amigos do sanfoneiro.
Foto: Amanda Miranda/ NE10 |
O caixão chegou ao cemitério por volta das 17h55. Antes de ser enterrado, o corpo do cantor e compositor foi velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, no Centro do Recife, de onde seguiu na viatura do Corpo de Bombeiros até Paulista. Dois sanfoneiros acompanharam a viatura em um carro que seguia atrás.
A despedida do ícone nordestino reuniu familiares, amigos e fãs, que o velaram, ainda, em São Paulo, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para onde foi levado após falecer no Hospital Sírio Libanês.
Dominguinhos morreu às 18h dessa terça-feira (23), aos 72 anos, em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas, em São Paulo. O cantor lutava contra um câncer havia seis anos e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês. Ele havia desenvolvido insuficiência ventricular, arritmia cardíaca e diabetes, sendo transferido para o hospital paulista em 13 de janeiro.
MEMÓRIA - Pernambucano de Garanhuns, Dominguinhos compôs sucessos como o xote "Abri a porta" (parceria com Gilberto Gil, em 1979), "Tantas palavras" (parceria com Chico Buraque, em 1983), "Quem me levará sou eu" (parceria com Manduka, 1979) e "De volta pro aconchego" (escrita com Nando Cordel). Além desses sucessoes, Dominguinhos também foi autor de clássicos do forró como "Só quero um xodó", "De amor eu morrerei" e "tenho sede".
Ao longo de sua carreira, Dominguinhos gravou mais de trinta discos, entre LPs e CDs – o primeiro foi "Fim de festa", em 1964. O pernambucano chegou a vencer importantes prêmios, como o Prêmio Shell de Música 2010 e o Grammy Latino de 2002, com o CD "Chegando de mansinho".
Além de ser famoso por suas composições, o aprendiz de Luiz Gonzaga também se firmou na música brasileira como intéprete ao lado de grande nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Toquinhoe o próprio Rei do Baião. Outros sucessos, porém, ficaram mais famosos quando cantados por artistas como Fagner, Maria Bethânia , Zizi Possi, Emílio Santiago e Elba Ramalho.
Dominguinhos foi casado com a cantora e compositora Anastácia, com quem compôs Eu só quero um xodó, e depois com a também cantora Guadalupe. Com Guadalupe, teve a filha Liv Moraes, que em 2010 também começou trajetória musical.
Do NE10