quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cássio pede quebra de sigilos bancários e fiscal da construtora Delta


 

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) cobrou da CPMI do Cachoeira, nesta quinta-feira (17), a aprovação imediata da quebra dos sigilos bancário e fiscal da Construtora Delta. “É preciso esclarecer os depósitos com valor total acima de R$ 30 milhões feitos pela Delta na conta de empresas laranjas ligadas ao contraventor e lobista Carlinhos Cachoeira”, defendeu Cássio, insistindo que as investigações priorizem as relações da Delta com o esquema Cachoeira.
O laudo 1832 feito por peritos criminais da Polícia Federal e em poder da CPI do Cachoeira informa que a construtora Delta fez repasses milionários para empresas laranjas ligadas ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Segundo o laudo, a empresa Alberto Pantoja Construções e Transportes LTDA recebeu da Construtora Delta R$ 26,247 milhões. Depois, repassou R$ R$ 7,482 milhões para o contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva. Outras empresas ligadas à Cachoeira também receberam recursos milionários da Alberto Pantoja. Já a empresa Brava Construções e Terraplanagem recebeu também da Delta R$ 13,015 milhões.
“O que chama atenção é que, nos dois casos, a Delta foi praticamente a única empresa a fazer depósitos para as empresas laranjas ligadas a Carlinhos Cachoeira. Agora, é preciso quebrar os sigilos bancário e fiscal da Delta para saber a origem desse dinheiro. O que parece é que Delta e Cachoeira usavam essas empresas para lavar dinheiro”, afirmou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Chamou a atenção de parlamentares da CPI que tiveram acesso à declaração de imposto de renda do bicheiro Carlinhos Cachoeira a baixa contribuição para o Fisco. No ano em que ele mais pagou imposto na pessoa física, segundo relato de parlamentares o valor foi de R$ 2,8 mil. Nos últimos anos, o máximo de rendimentos tributáveis declarado por Cachoeira foi de R$ 30 mil. Em 2010, o rendimento tributável foi de apenas R$ 18 mil. Nesse ano, Cachoeira contraiu empréstimo de R$ 4,4 milhões da empresa Bet Capital e do cunhado Adriano Aprígio. Em anos anteriores, já havia feito empréstimo em valor superior a R$ 1 milhão.
Os empréstimos em dinheiro aparecem nas declarações de Cachoeira como contrato de mútuo. Essa é uma estratégia comum entre sociedades e seus respectivos sócios na pessoa física, para escapar do pagamento de tributos. Além do grande volume de empréstimos, segundo informaram os parlamentares, Cachoeira guardava em casa todos os anos dinheiro em espécie. “Ele chegou a declarar ter em casa mais de R$ 1,5 milhão de reais. É preciso que a Receita Federal dê explicações sobre esta sonegação fiscal”, cobrou Cássio.
Na manhã desta quinta-feira, os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o elo entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e políticos, aprovaram requerimento do PSDB fazendo um "apelo" para que o Supremo Tribunal Federal (STF) quebre o sigilo em relação aos processos da Operação Vegas e Monte Carlo,que já estão em poder da CPMI.
O documento dirigido ao STF foi o primeiro dos mais de 70 requerimentos que estão previstos para serem votados na reunião da comissão desta quinta-feira. A maior parte dos pedidos é referente à quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônicos dos envolvidos nas denúncias que envolvem Cachoeira. 
A comissão também vai votar requerimentos que pedem o sequestro de bens do bicheiro e de dados sobre suas movimentações internacionais. Os integrantes da CPI também querem aprovar requerimentos que pedem dados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações financeiras atípicas que tenham envolvido Cachoeira.